Confesso que não conhecia a banda Lágrima Flor até topar
com algum comentário sobre eles no Twitter. Em um primeiro momento,
achei bacana o avatar dos jovens músicos, conferi o conteúdo no
microblog e descobri que Lua Blanco, atriz do musical “O Despertar da
Primavera”, aparecia como “frontwoman” da galera. Parei tudo o que
estava fazendo e comecei a olhar com outros olhos para eles. Até o
momento em questão, Lágrima Flor era só mais uma dentre milhares de
bandas que se aventuram no mainstream em busca de reconhecimento. Isso
na minha percepção inicial e relaxada, claro.
A visibilidade de Lua como
atriz do musical e da Rede Globo (ela já esteve em “Malhação”, “Três
Irmãs”, “TV Globinho” e integra o elenco de “As Aventuras do Didi”) tem
contribuído para a explosão ainda tímida dos jovens músicos que se
propõem a fazer um pop-rock diferenciado – e, convenhamos: isto é quase
raro no atual mercado fonográfico!
Na última quarta-feira, dia 12 de maio, eles fizeram a
primeira apresentação na cidade de São Paulo, em um pocket show no
Musical Show Bar & Karaokê. A repercussão carioca (e regional) que
envolve o nome da banda foi praticamente perdida na capital paulista
(não falo aqui de fãs fervorosos, pois estes seguem seus ídolos aonde
quer que seja!). Lágrima Flor começou do zero em SP, mas mesmo assim os
jovens músicos começaram bem.
A simpatia de Lua nos palcos e a sua voz incrivelmente
gostosa de ouvir foram capazes de encantar os escassos gatos pingados
que não conheciam a banda e estavam de passagem pelo bar. André Sigaud, o
guitarrista, acompanhou a vibração de Lua durante toda a curta
apresentação e, ao que tudo indica, também a segue nas principais
criações da banda. Carol Cabral, a baixista, juntamente com Fernando
Velloso, o novo baterista apresentado ao público na ocasião, marcaram
bem os compassos das músicas. Engraçado que Fernando estava sem bateria
no seu “batizado” – talvez por dificuldades de locomoção RJ-SP ou por
conta da estrutura do local (o Musical Show Bar não é dos mais
favoráveis nesse sentido). Apesar disso, Fernando conseguiu “se safar”
comandando um cajón que, mesmo não suprindo 100% a falta da bateria,
conseguiu cumprir o papel a que se propôs [para quem não sabe, cajón é
um instrumento de percussão que teve origem no Peru e assemelha-se a uma
caixa de madeira].
O grande trunfo da Lágrima Flor, no entanto, é Rique
Meirelles, um violinista que ameniza a pegada rock ‘n roll da banda e a
diferencia das demais no mercado (leia entrevista abaixo). Quantas
bandas brasileiras de pop-rock têm um violinista em sua composição?
Rique é a cereja que toda banda procura conservar em seu bolo. Pode
parecer estranho, mas o violino do jovem encaixa-se perfeitamente às
canções sem tirar o caráter comercial delas (no sentido não pejorativo
da adjetivação).
Com essas qualidades reunidas em um mesmo palco, o show de
São Paulo transcorreu tão bem quanto o script sugeria. Lua elevou a
proximidade com o público quando confidenciou não saber de cor a letra
de uma música e tirou a sua “colinha” do bolso (também preciso de uma
“colinha” porque esqueci o nome da bendita canção!). Se alguém resistia
ao som da Lágrima Flor até ali, a barreira quebrou-se naquele exato
momento. É certo que a banda ainda precisa se desvincular de “O
Despertar da Primavera” para conquistar de vez o sucesso, mas Lua vem
sabiamente utilizando a sua imagem para conseguir colher bons frutos
para a banda. O primeiro deles veio na mesma noite em que vi a
apresentação do grupo no Musical Show Bar: Lágrima Flor havia gravado
uma participação na Canja do Jô (ainda sem data de exibição na
televisão).
A nós – jornalistas, fãs e admiradores da música – resta
torcer para que a banda vingue. Não seria nada mal escutar de vez em
quando um pop-rock bacana nas rádios brasileiras, não é mesmo? Só para
variar um pouquinho, vai!
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